Desde os tempos de Francis Bacon que a Ciência segue o proclamado método científico: um fenômeno chama a atenção de um cientista que formula uma teoria, uma tentativa de explicação desse fenômeno, dessa teoria, deriva hipóteses e previsões que podem ser testadas experimentalmente; caso os resultados sejam satisfatórios, a teoria é considerada uma boa explicação do fenômeno numa relação causal, ou seja, tais e quais fatores, intervindo numa certa relação, causam o fenômeno.
O Google, a gigante das pesquisas na web, tem seu grande trunfo em descobrir quais as 'melhores' páginas para cada determinado assunto; e faz bilhões de dólares com seus acertos. No entanto, o Google é como um papagaio que repete palavras sem saber seu significado: a máquina por trás dessa pesquisa não tem recursos de análise semântica, isto é, não faz a menor ideia do significado do texto da página, e também não faz análise causal do porquê seus utilizadores preferem uma página do que outra. Usando uma simples estatística, o Google simplesmente atribui um grau maior de relevância nas listas de resultados às páginas mais visitadas e com maior tempo de permanência do leitor. É dessa mesma maneira que o Google consegue traduzir Klingon para Farsi quase tão bem quanto francês para alemão, sem realmente "conhecer" nenhum desses idiomas.
Só hoje li o interessante artigo The End of Theory: The Data Deluge Makes the Scientific Method Obsolete (O Fim da Teoria: O Dilúvio de dados torna o método científico obsoleto) na Wired, onde Chris Anderson, editor chefe da revista, argumenta que, na nossa atual era de petabytes de informação, aquela clássica abordagem - hipótese, modelo, teste - está se tornando obsoleta.
Agora que podemos analisar amostras imensas, quando não o próprio universo de dados, a tendência seria cada se vez mais se fazer Ciência à maneira do Google: as correlações aí observadas adquiririam validade por si só e poderiam dispensar causalidades, modelos coerentes, teorias unificadas ou qualquer explicação mecanicista de todo!
Segundo o autor, seria a hora de perguntar: o que a Ciência pode aprender com o Google?
Veja também meu post Em tempos de Big Data, grande educação?
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